quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Breve ensaio Sobre Santiago

Um documentario sobre um documentario

Sinopse

Em 1992 o diretor João Moreira Salles planejou o documentário "Santiago", baseado na vida do mordomo da casa de sua família. Devido à sua incapacidade em editar as cenas filmadas, o longa-metragem nunca foi concluído. Em 2005 o diretor voltou a trabalhar sobre as cenas gravadas, encontrando outro foco no material rodado.

Quando criança imaginava que todo menino tem um ídolo no qual almejar se tornar pelo menos parecido, olhando pra o jeito de Santiago lembro-me de meu avô, pescador velho e de muitas historias e em duas semelhanças e diferenças, acho que João Moreira Sales, o enxergava não apenas como mordomo, mas como um ser diferente que em 30 anos lhe passou todo tipo de emoção e experiências tão memoráveis Que “Joãozinho” não queria que passassem despercebidas nem pelo mundo e nem por ele e seu irmão, daí surgida a idéia de fazer o documentário. Acho que por esse motivo o filme não se torna um lugar de estranhamento para mim, me imaginei eu como Paulo e meu avô como Santiago, não que sejam parecidos mais a situação em si se torna similar pelo simples respeito e pela admiração daquele personagem.

Tempo implacável, pela sua falta de consideração”

Percebemos ali que não se tratava apenas de um documentário sobre um mordomo culto, Santiago em cerca de de 50 anos escreveu em sua velha maquina aproximadamente 30 mil páginas contanto a história de nobres e aristocratas, de condes italianos a chefes Dakota e ele mesmo se impressionava com essa capacidade, mas esse seu dom o premiava e fazia dele uma pessoa sempre acompanhada por suas lembranças, gostos e personagens dos quais ele não queria que perecessem no esquecimento.
1 hora, 19 minutos e 17 segundos, deitado em frente ao meu notebook eu mergulhava diante de uma nova viagem, viagem da qual me faria imaginar sobre aspectos da vida, as belezas européias, castanholas e até no inferno de Dante.
Santiago me fez pensar num termo chamado “Historia viva”, pois era um sonhador intelectual, um historiador não-acadêmico, mas principalmente um Romântico.
Encaro a segunda idéia do documentário como um pedido de desculpas, por não ter percebidos os detalhes emocionantes no qual ele poderia ter vivido naqueles meros 5 dias, de não ter percebido as singularidades da forma de tratamento, não teve a humildade de perceber não somente a presença do Santiago inteligente, culto e contador de historia, mas sim aquele Santiago que burlava a solidão com seus pensamentos, que mostrava respeito até pelos personagens que cultuava e escrevia.
Em relação ao que percebo de mais emocionante deixo apenas uma frase que acredito ser de minha autoria “Nem todos somos capazes de contar uma grande Historia, mas grandes Historias podem surgir de todos os lugares.”
Santiago é um documentário rude, que atinge e emociona, que te zanga pela brutalidade, mas te rasga de sensibilidade, na humildade de seu protagonista.
Um filme que mostra o quão interessante e emocionante pode ser um pedido de desculpas.