sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sam Raimi e a diversão na arte de fazer filmes


Outro diretor a iniciar carreira mostrando habilidade nessa “arte quase esquecida” é Sam Raimi, Considerado um dos diretores contemporâneos mais criativos, principalmente por sua condução de câmeras, jogadas inusitadas e filmagens ousadas. mas diferentemente de Peter Jackson, ele ja começa numa produção hollywoodiana até por que é natural dos EUA. Um fator especial nesse diretor é que em sua estréia com orçamento apertado e poucos recursos, desenvolveu um projeto semi-amador em companhia de seus amigos, o ator Bruce Campbell e o produtor Robert G. Tapert um filme chamado Evil Dead (1981) filme esse que se tornara o recordista em vendas naquele ano, abrindo as portas desse grupo para as grandes distribuidoras da época, a particularidade contida nesse trabalho, é forma com que ele é conduzido, na trama Ash (Bruce Campbell) vai com sua namorada e grupo de amigos para uma cabana no meio da floresta pra passarem o final de semana, a floresta verde e viva é bem explorada na seqüência inicial. Na continuidade da aventura o fator preponderante que influencia toda a trama é a aparição do personagem “camaleão[1]” o Necromonica é como é chamado o livro encontrado por esse jovens dentro da cabana e ao lê-lo conjuram os espíritos adormecidos da floresta, liberando uma força maligna que vai dominando e arrastando um a um até sobrar apenas o herói, o romantismo colocado como eixo na obra se quebra a partir do momento do sumiço da personagem feminina, Ash no entanto buscava salvar a mulher que ama, mas conforme o andamento ele percebe que terá lutar pela sua sobrevivência.
Narrando assim até parece um filme normal, mas evil dead vai alem disso, com cenas cômicas e perturbadoras, como o balé dançado pela jovem já violentada e sem cabeça com o corpo deformado em meio à floresta densa e escura. Sam Raimi buscava um cinema divertido e obscuro ao mesmo tempo, e burlava qualquer tipo de padrão de terror da época, não queria se tornar nenhum Darío Argento ou Alfred Hitchcock, mas com esse primeiro filme entrou para o Hall dos mestres na arte de filmes de terror, mesmo com uma temática e objetivos diferentes dos demais conhecidos diretores.

A ressurreição de uma idéia

Como forma de continuidade dessa linha, Raimi consegue um orçamento maior para um novo filme, mas não abandona a idéia de enxugar o roteiro e fazer algo bem mais trabalhado, daí surgiu o segundo filme da série Uma noite alucinante 2 (Evil dead 2- 1987). Nesse novo filme o diretor recondiciona os personagens e enxuga a trama, deixando um pouco de lado o terror selvagem, trazendo mais a temática do drama e explorando com maior exagero o lado cômico, a idéia de diminuir os personagens implicou no plano de dar mais ênfase ao romance e na figura do herói solitário, nesse caso a maior diferença é que o espírito do mal na figura de vilão tem novos artifícios, e se utiliza da matéria da figura mais frágil pra se apoderar do corpo do mais forte. A figura do vilão se torna insólita, dessa vez a mulher é a arma contra o protagonista, pois ele se vê obrigado a dar fim ao ser que mais ama, para conseguir sobreviver, nesse mesmo tempo dois perdidos se aproximam da floresta em direção a cabana maldita e irão complicar de vez a vida do protagonista.
Dessa vez o diretor se utiliza de planos mais abertos e cortes mais sombrios, optando mais pelo susto do que propriamente o terror em si, a trilha sonora é tensa durante todo o filme, mas o clima é cômico na maioria das vezes, até mesmo nas cenas de carnificina mais escandalosas, um exemplo claro é que a cena que significa o ápice do fim do romantismo na trama, Ash mata sua noiva com uma serra elétrica e mesmo depois de morta com a cabeça decepada, ela continua a falar e ameaçá-lo, ou seja, transforma completamente de agonizante para cômico, mesmo em cenas que deveriam ter um grau maior de dramaticidade.
Na única cena em que o mal parecia perseverar sobre o bem, foi quando o personagem principal começa a ser dominado pelo espírito das trevas e perde o controle de sua mão esquerda, travando uma luta interminável com essa parte importante do seu corpo, até que cria coragem o suficiente para decepá-la e assim a luta continua, mas um de cada lado, armado com uma arma calibre 12 e uma serra elétrica acoplada no lugar da mão ele vai à guerra com seu inimigo invisível
Ao final, como todo filme de herói que se preze; Ash ler o livro dos mortos e expulsa o demônio da floresta, o que sai errado dessa vez é que o portal que se abre leva junto o protagonista deixando o final em aberto, e o objetivo claro de fazer um novo trabalho em cima desse personagem.
O que se percebe na importância do cinema de Raimi para a 7° arte em geral, é que ele conseguiu agregar dois valores distintos da arte cinematográfica, ele como fã dos 3 patetas e da comédia pastelão, trouxe esse tipo de influencia para o seu cinema, rompendo com a tradição condescendente da época, assim explorando novos valores, novas idéias e inovando na criatividade, fator esse que se tornou escasso no últimos tempos dentro do cinema.


[1] Como é chamado o personagem determinante do filme, que não é antagonista nem protagonista.

De A vila à Allphaville

Introdução
Existem muitos filmes que se basearam em alienação social, para construir uma imagem da sociedade tanto no presente quando numa idéia futurista, para mim A vila (The Village- 2004) e Alphaville (Alphaville, une Étrange Aventure de Lemmy Caution- 1965) são retratos distintos e ao mesmo tempo semelhantes dessa idéia, A Vila com seu controle pelo medo e mitos criados em torno de uma floresta e Alphaville, uma sociedade futurista controlada pela ciência.
O que levou-me ao questionamento sobre tais fatos, foram as particularidades de ambas a obras, A Villa é claramente filha de Alphaville, mas retrata o presente, Shyamalan direciona sua critica mostrando que o controle mental e a alienação existem nesse presente, já Godard inicia uma distopia na noção de futuro, uma critica aos nossos preceitos tecnológicos enquadrando essa tecnologia como controladora e alienadora.


Analise e questionamentos em torno de A vila


 A história de terror contada pelo diretor M. Night Shyamalan é a de uma vila que é completamente isolada da sociedade por um bosque. Nenhum de seus habitantes pode atravessar o bosque em direção à cidade, pois é habitado por temíveis criaturas que o pessoal da vila nem tem coragem de citar, se referindo a eles apenas como “aqueles dos quais não falamos”. Esta imagem de medo do mito dos monstros fica cercada de um mistério criado pelos anciões da comunidade, os quais segundo relatos (provavelmente deles mesmo) já haviam sido atacados anteriormente. O motivo do isolamento é que a comunidade da vila mantem uma espécie de pacto de não-agressão com as criaturas. Os habitantes da comunidade não poderiam entrar no bosque, nem usar vermelho, então as criaturas não as atacariam. O filme gira entorno de uma atmosfera escura e de suspense constante, justamente o clima que os anciões tentavam passar para a população: a sensação de medo. Os anciões, que constituíam o governo e “a palavra final” na comunidade, resolveram criar algo para controlar os habitantes do vilarejo, e qual a estratégia mais indicada para controle de massa ? O medo.
Podemos fazer uma relação claramente da obra de Shyamalan com os dias de hoje. Qual a estratégia usada pelo governo dos Estados Unidos para manter a fidelidade da população e sua permanência indiscutível? Também o medo. O uso do medo como fator de repressão de massas foi usado recorrentemente na história e é usado até hoje. A maneira mais eficaz para criar uma justificativa de permanência no poder é criar ou usar-se de uma situação de ameaça para então atacá-la constantemente, criando uma falsa sensação de segurança, não importando se ela existe ou não. O ser humano tende a querer segurança a qualquer custo, mesmo que isto signifique uma má governabilidade.
Isso demonstra bem a passagem do pensamento mítico para o filosófico-científico. O enredo do filme “A Vila” pode ser visto como a evolução da humanidade. No começo, como os habitantes da comunidade já nasciam com a concepção do mito dos monstros formada, incutida em suas mentes desde pequenos pelos anciões, a veracidade do mito era pouco importante. Não havia nenhuma insatisfação que levasse a algum questionamento, pois o problema não era a existência ou não dos monstros, e sim se resguardar deles. Por um bom tempo, eles viveram sem discutir sua veracidade, pois estavam conformados com sua própria situação. Esta pode ser interpretada como uma primeira fase do pensamento humano, na qual os mitos prevaleciam[1], e a explicação dos fenômenos naturais eram explicados pelos mitos.
No desenvolvimento do filme, os personagens vão amadurecendo, e se questionando cada vez mais, insatisfeitos com a maneira de interpretar os fatos que lhes foram impostos a vida toda. Desta insatisfação vem o questionamento e a busca por outra maneira de enxergar a realidade, desafiando os próprios conceitos aceitos pela sociedade. Temos aqui um ponto interessante de comparação do filme com a evolução do pensamento da humanidade: no filme, temos o impasse de Ivy Walker (Bryce Dallas Howard) com seu pai, Edward Walker (William Hurt), assim como temos, na história, o impasse da ciência com a religião, representando o conflito do pensamento mítico-religioso com o filosófico-científico. Ousando ir até um pouco mais além, no filme, Edward Walker é pai de Ivy Walker, assim como o pensamento mítico foi pai do pensamento filosófico-científico, já que foi preciso de uma origem concebida anteriormente para se criar outra.
A revelação da farsa do mito dos monstros mostra a criação definitiva da ciência e sua aceitação pela sociedade. Mas assim como o pensamento filosófico-científico veio se contrapor com o pensamento mítico, estamos sujeitos, em um futuro próximo, vir a contrapor o pensamento filosófico-científico com alguma outra forma de enxergar e compreender nossa realidade.

Analise e questionamentos em torno de Alphaville

Esta foi a primeira incursão do diretor na ficção científica, mas lembrando que o diretor sempre procurava manter seus orçamentos modestos depois da empreitada de O desprezo. Então, nada de grandes efeitos especiais e visual futurístico o plano de fundo é a capital Francesa, com seus luxos luzes e significações da chegada do progresso. Apesar do tema, este continua sendo um filme de Godard. Novamente ele conta com uma presença americana, Eddie Constantine, ator de filmes B de Hollywood e sua garota-símbolo, Anna Karina, para contar a história.
Constantine interpreta Lemmy Caution, uma espécie de espião que vai para a cidade de Alphaville pra cumprir uma missão de eliminar ou capturar o Professor Von Braun. O personagem Caution é emprestado de uma série de filmes populares na França, sempre interpretado pelo mesmo ator. É como se Godard tivesse apenas dando sequência a uma série de filmes. Ele ainda dirigiria outro filme com o personagem em 1991, já o ator ficaria preso a esse papel pelo resto da sua vida.
Alphaville é uma das cidades mais estéreis e opressores que o cinema já viu. O professor Von Braun criou um computador que dita como todas as pessoas da cidade devem viver. Claro que computadores não entendem de emoções, então todas as emoções são proibidas. Em uma cena, um homem pergunta se a personagem de Anna Karina, a filha de Von Braun está chorando, ela responde que não pois é proibido. Em todo lugar há uma bíblia, que na verdade é um dicionário que é constantemente atualizado. Todo dia ele tem palavras cortadas que foram consideradas proibidas.
É o filme mais político do diretor antes de chegar na fase realmente política. O personagem Caution está constantemente contra a política daquele lugar. "Nunca me tornarei um de vocês" ele exclama, e se vira contra tudo que aquele lugar representa. Talvez por isso o nome do professor pareça tão alemão. E também não por acaso somente as pessoas de fora achem que há algo de errado, os moradores não tem reclamações.
Ao fim Caution percebe que a maquina não consegue codificar os mais singelos pensamentos humanos, e ele na figura de herói apaixonado, parte para a retirada de sua amada dessa capital nostálgica e leva-la de volta ao mundo externo.

Semelhanças e referencias na construção das obras

A vila se torna uma obra diretamente influenciada pelo filme de Godard, a noção de repressão e aprisionamento social é algo em comum em ambos os filmes, mas a diferença no tipo de aprisionamento era a forme de controle, se em A vila  sociedade era controlada pelo medo, em Alphaville o governo era estabelecido por uma maquina, que dava retirava das pessoas qualquer senso de realidade, as colocando num estado geral de alienação.
Na Alphaville de Godard, não há subjetividade, não há arte, não há liberdade, não há comportamento imprevisível. Há apenas a ditadura da lógica, apenas seres humanos sem expressão, aos quais progressivamente se proíbe o uso até mesmo de certas palavras, como consciência e amor. Seus habitantes são pessoas que se cumprimentam com um “estou muito bem, obrigado”, isto é, com aquilo que se esperaria de resposta, como que voltados para si mesmos. Qualquer semelhança com os diálogos frios, formais e pré-determinados entre vizinhos/colegas de trabalho que se encontram no elevador não é mera coincidência. O mesmo se pode dizer da semelhança entre o comportamento promíscuo/submisso das mulheres do filme e a instrumentalização corrente do elemento feminino, mero meio para obter prazer ou para que sua utilização na publicidade venda determinado produto. Por que Alphaville exclui da linguagem conceitos como “arte” ou “consciência”? Porque, como Lemmy Caution provou, aquele sistema não os suporta – confrontado com a poesia, implode, deixando suas crias desnorteadas após tanto tempo de alienação. Alphaville não suporta questionamento; tudo são explicações postas, exteriores e inquestionáveis (é proibido dizer “por quê?”; deve-se sempre dizer “porque”).”
Já no filme de Shyamalan, a Vila era corrompida simplesmente por mitos,a obra reflete a tendência comum do ser humano em tentar encobrir o mal, negando, escondendo, fugindo e ocultando-o como um segredo, não é permitido se questionar sobre o que passa fora do mundo isolado do pequeno vilarejo, é como se a existência pura dependesse do isolamento social e eles temiam se tornar escravos das necessidades humanas, as pessoas viviam presas sem acesso a nada que vinha de fora,
Existia uma especie “ lavagem cerebral “ onde são impostos pelos mais velhos todos os ensinamentos do qual acham necessários para que os alunos não possam refletir se realmente não existe algo além do que são exigidos pela sociedade. Vimos também quando alguém resolve refletir e buscar respostas há uma punição pelo descumprimento da lei, a punição no caso de alphaville era a sacrificação, não apenas de quem buscava saber algo sobre as terras externas, mas também tdo ser demonstrasse qualquer singelo sentimento como chorar no funeral da esposa, na capital da dor, até as palavras . assim  ou sentir uma atração por outro ser, todas as pessoas se comportando como meros objetos sendo controlado por uma força maior, um “Deus”chamado Alpha 60 que considera que tudo na vida écalculado.

A resolução e a libertação na centralização dos sentimentos

A libertação de Natacha da cidade de Alphaville, contou com o imenso apoio de seu amado, Remy Caution, ou seja, foi necessário que alguém de terras externas entrasse no sistema da cidade, se envolvesse e desafiasse toda a cúpula de governo, o aprisionamento se dava pela falta de senso critico, como se tudo estivesse bem sempre e nada disso nunca muda, Godard nesse sentido lança a critica a própria sociedade através das cenas em que as cordialidades cotidianas sempre se repetiam igualmente, é como se no futuro que o cineasta imagina tudo seria movido pelo exagero, ou seremos infinitamente cordiais pela ingenuidade e por estarmos sendo controlados e monitorados 24 horas por dia, ou pó pura hipocrisia ou falsidade, até por que o protagonista sempre responde de má fé a essas cordialidades.
Em A vila vemos o temor e a ingenuidade, o medo domina tudo, o isolamento era de certa forma obrigatória, mas como o controle de mentes não era total como o que existia no filme de Godard, logo começariam a aparecer questionamentos sobre existência e a função de cada um naquele lugar, como já de praxe do ser humano buscar por novas verdades e ter dentro de si uma ânsia total de liberdade, nesse filme não seria diferente, Edward se questionava sobre buscar um novo lugar, e o que o ouvia era que não existia nada além das fronteiras de A vila e que poderia ser morto na floresta pelos monstros se tentasse fugir.
Em Alphaville foi necessário alguém vir de fora pra poder fazer a libertação física e psicológica de alguém, Alpha 60 era perfeito como maquina, mas seu ponto crucial é que no seu entender até os sentimentos humanos era algo calculável e controlável, mas se considerava isso então por que privarem as pessoas desses sentimentos? O controlador da sociedade tinha uma falha, a inovação tecnológica não é vista por Godard como algo totalmente bom para o ser humano e coloca Alpha 60 como representante disso.
 O computador decide então enfrentar e obter o controle dos sentimentos, especialmente o amor, mas ao tentar entender e calcular, acaba por pifar, o se vê nessa cena é a principal falha nessa tecnologia que assim como o próprio ser humano é finita, mas a superioridade humana se dá a partir da entendimento e da utilização desses sentimentos para o bem em comum, Alpha 60 não entendia isso, era uma maquina construída infinitamente para calcular, a derrubada o governante central, acaba por definir a destruição total de Alphaville na cena da fuga dos protagonistas fica claro a libertação do aprisionamento e alienação social, emquanto todos os “alienados” queimam junto com a cidade, Natacha libertada pelo amor foge para além das fronteiras da cidade com Remy Caution.
Se em Alphaville a derrocada da cidade se deu de fora para dentro através de Remy Caution, em A vila se deu de forma contraria, Edward se faz os questionamentos conhecidos da linha filosófica e desafia os mando e desmandos dos controladores, nessa caso porem percebemos com clareza tanto no filme de Shyamalan quanto no filme de Godard é o mito da caverna de Platão "imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. no interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali. ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade. imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza. caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras."

Curiosidades e particularidades

Alphaville está entre os filmes de menor orçamento de Godard, Mas é o segundo filme mais assistido do diretor perdendo apenas para Acossado, a receptividade do filme dentro da França surpreendeu até mesmo o próprio diretor, a utilização de recursos básicos – Alpha 60 era um ventilador com uma luz em baixo- não limitou porem o enredo da obra, ao contrario, ele consegue fazer com maestria cada detalhe do regime futurista da cidade explorando apenas Paris como plano de fundo.
Mas considero ele mais humano possível talvez por isso essa grande receptividade, É um filme sublime, que mostra como as pessoas podem se perder se tiverem seus sentimentos reprimidos, pois o que nos faz humanos são eles, são nossa força interior, se não nos expressarmos, seremos como robôs. Não pode deixar de ser visto por nenhum cinéfilo, mesmo que “novato”, nem por qualquer pessoa alias, pois traz uma mensagem importante e você ainda pode ter a chance de compreender como os filmes de antigamente eram mais focados na narrativa, pois os efeitos especiais eram escassos. Hoje os filmes são vagos, tem um começo-meio-fim que parece seguir a mesma lógica, a mesma história, e ainda se perdem nos efeitos especiais.
Em A vila o que predomina é o clima de tensão, mas em uma das sequencias Surge o som de um violino suave e bem tranqüilo, mostrando que este local é de paz, surge um mistura de imagens com crianças lavando pratos, pessoas trabalhando e moças dançando na área de uma casa.  As cenas vão ancorando em imagens bonitas e a música é muito agradável transmitem sensações de alegria e leveza. Mas como parecia tudo bem, surge outro som de um violino agudo dando a sensação de indecisão e tensão, e embalando para mais momentos de sensações de frio na barriga, indicando que algo de ruim vai acontecer, este embalo vai ancorar na imagem do monstro de capa vermelha refletido na água. Por vez é uma belíssima cena, mas representa o perigo o medo.


[1] Como nas sociedades gregas, romanas, célticas